1ª RONDA GAÚCHA – 08 A 20 DE SETEMBRO DA 1947
Criado
o Departamento de Tradições Gaúchas na Escola, com os planos de realização da
1ª Ronda Gaúcha e tendo a concordância e colaboração dos colegas do Grêmio
Estudantil (Centro Acadêmico), foram iniciados os preparativos e a organização,
a programação seria extensa, de 08 a 20 de setembro daquele histórico ano de
1947.
Como
já citado anteriormente, o Programa de Ação do Dep.de Tradições Gaúchas era
amplo e abrangia toda cultura gaúcha, muitas destas ações foram realizadas no
período da Ronda Gaúcha; primeiro, foi idealizada uma chama, que retirada da
Pira da Pátria no final do dia 07 de setembro permaneceria acessa no saguão da
Escola, nascia aí a Chama Crioula, que é acessa para festejar a “Semana
Farroupilha” e se repete desde aquele ano de 1947.
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A programação continha palestras, concursos de redação e desenhos, rodas de chimarrão
e horas de arte, até o dia 20 quando realizariam um baile gaúcho, seria o
primeiro Fandango do Movimento Tradicionalista (esta denominação para os bailes
tradicionais veio após, na época foi chamado de ”Baile Gaúchesco”) .
A
retirada da Centelha não estava programada para ser a cavalo, iriam alguns
alunos munidos de um candeeiro para retirar e levar até a Escola a primeira
Chama do Movimento. Porem, após o episodio do dia 05, os planos mudaram,
resolveram ir montados, iniciando aí a tradição da nossa Chama Crioula ser conduzida
sempre por Gaúchos a cavalo.
“Passavam
alguns minutos da meia noite do dia 7 de setembro quando Paixão Cortês apeou de
seu pingo e subiu a escada que ia até o topo da Pira da Pátria, “pilchado” a
preceito de chiripá, tirador, boleadeiras e esporas grandes não foi uma façanha
tão fácil, mas realizada a contento e o atoche improvisado de estopa num cabo
de vassoura fez arder pela primeira vez a Chama Crioula. Paixão estava acompanhado de mais dois
companheiros, seu primo Fernando Vieira e Cyro Dutra Ferreira; e com a chama em
punho seguiram pela Av. João Pessoa, rumo ao Colégio Julio de Castilhos, que
não era longe, apenas algumas quadras de percurso. Porem, um fato inesperado...,
a estopa em chamas começou a queimar o cabo de vassoura e os três gaúchos se
viram embretados com a situação (imaginem eles chegarem na escola sem o fogo
esperado???), não tinha outra saída, “calcaram os pingos nas esporas” e em
desabalada carreira se foram rua a fora, acompanhados por alguns companheiros
que de a pé seguiam juntos o cortejo cívico; chegaram na escola já quase sem
fogo, mas cumpriram a missão e acenderam o Candeeiro que os esperava no saguão
do Colégio rodeado de alunos e professores.
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Como registrou Paixão Cortês nos seus escritos, “eles não sabiam da onde tinha saído
tanta gente “pilchada” naquela noite, foi uma agradável surpresa e um início
das festividades coroado de êxito.”
As comemorações de acendimento da Chama
encerraram pela uma da madrugada e a escola foi fechada, mas dois guardiões escalados
permaneceram montando guarda para o Candeeiro, Ivo Sanguinette e Rubens Luiz
Xavier, por ordem da Direção, eles poderiam ficar, mas a Escola ficaria fechada.
E ai se deu mais um fato pitoresco; inexperientes não lembraram que o querosene
iria terminar em algum momento e não tinham providenciado uma reserva... Quando
na madrugada a chama começou a
enfraquecer, foi ai que se deram conta do problema, “...foi um deus nos
acuda...”, como escreveu Sanguinette, buscaram papeis e trapos pelos corredores
do Colégio para manter aceso o Candeeiro, até que o Rubens teve a ideia de
pular as grades do Colégio e ir atrás de algum armazém da redondeza que tivesse
querosene (seria um fiasco se quando abrissem a Escola o fogo estivesse
apagado...), obviamente ele teve que acordar o “bodegueiro assustado” e tentar
explicar a situação, mas conseguiu o combustível para manter acessa a primeira Chama
Crioula. Esse fato só foi contado aos demais, bem depois...
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E assim seguiu a programação por todos os dias, nos recreios aconteciam horas
de arte e manifestações sobre as comemorações além das rodas de chimarrão. Mas
um dos pontos altos dos festejos foi a palestra do Escritor gaúcho, Manoelito
de Ornellas, que falou sobre a cultura gaúcha, seus escritores e a literatura
regional com grande aceitação dos assistentes. - - - Manoelito de Ornellas a
partir daí teve uma atuação importante no inicio da organização do 35 CTG e do
Movimento, inclusive presidindo o 1º Congresso Tradicionalista em 1954.
Finalmente
chegava o dia 20, ponto alto das comemorações, o Baile Gaúchesco que encerraria
a 1ª Ronda Gaúcha.
O baile foi no Teresópolis Tênis Clube que se
tornou uma mistura de salão de baile com galpão de estância, até um pelego de
ovelha foi estaqueado num canto, já que a “dita” tinha sido carneada no pátio
do clube para o churrasco durante o baile.
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Neste baile foi extinta a Chama que permaneceu acessa durante todos os dias e
noites desde o dia 8 de setembro no saguão da escola encerrando as programações
do que mais tarde seria chamado de “Semana Farroupilha.”
PS... aqueles jovens não sabiam ao certo o que estava acontecendo, não tinham
ideia que ali estava nascendo a Chama Crioula, que ali estava nascendo a Semana
Farroupilha, que ali estava nascendo o Movimento Tradicionalista Gaúcho..., mas
alguma coisa dizia que estavam no rumo certo, que estavam fazendo o que era para
ser feito, se ia se repetir no próximo ano, ou se ia parar por ali, isso não importava, somente o que estavam fazendo naquele momento
é que tinha importância e graças a deus,
fizeram e continuaram fazendo nos anos que vieram, nos mostrando o caminho que
deveríamos seguir e que trilhamos até os dias de hoje...
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