13 outubro 2024

RONDA GAÚCHA

 

1ª RONDA GAÚCHA – 08 A 20 DE SETEMBRO DA 1947

 

 

Criado o Departamento de Tradições Gaúchas na Escola, com os planos de realização da 1ª Ronda Gaúcha e tendo a concordância e colaboração dos colegas do Grêmio Estudantil (Centro Acadêmico), foram iniciados os preparativos e a organização, a programação seria extensa, de 08 a 20 de setembro daquele histórico ano de 1947.  

 

Como já citado anteriormente, o Programa de Ação do Dep.de Tradições Gaúchas era amplo e abrangia toda cultura gaúcha, muitas destas ações foram realizadas no período da Ronda Gaúcha; primeiro, foi idealizada uma chama, que retirada da Pira da Pátria no final do dia 07 de setembro permaneceria acessa no saguão da Escola, nascia aí a Chama Crioula, que é acessa para festejar a “Semana Farroupilha” e se repete desde aquele ano de 1947.

- A programação continha palestras, concursos de redação e desenhos, rodas de chimarrão e horas de arte, até o dia 20 quando realizariam um baile gaúcho, seria o primeiro Fandango do Movimento Tradicionalista (esta denominação para os bailes tradicionais veio após, na época foi chamado de ”Baile Gaúchesco”) .

 

A retirada da Centelha não estava programada para ser a cavalo, iriam alguns alunos munidos de um candeeiro para retirar e levar até a Escola a primeira Chama do Movimento. Porem, após o episodio do dia 05, os planos mudaram, resolveram ir montados, iniciando aí a tradição da nossa Chama Crioula ser conduzida sempre por Gaúchos a cavalo.

 

“Passavam alguns minutos da meia noite do dia 7 de setembro quando Paixão Cortês apeou de seu pingo e subiu a escada que ia até o topo da Pira da Pátria, “pilchado” a preceito de chiripá, tirador, boleadeiras e esporas grandes não foi uma façanha tão fácil, mas realizada a contento e o atoche improvisado de estopa num cabo de vassoura fez arder pela primeira vez a Chama Crioula.  Paixão estava acompanhado de mais dois companheiros, seu primo Fernando Vieira e Cyro Dutra Ferreira; e com a chama em punho seguiram pela Av. João Pessoa, rumo ao Colégio Julio de Castilhos, que não era longe, apenas algumas quadras de percurso. Porem, um fato inesperado..., a estopa em chamas começou a queimar o cabo de vassoura e os três gaúchos se viram embretados com a situação (imaginem eles chegarem na escola sem o fogo esperado???), não tinha outra saída, “calcaram os pingos nas esporas” e em desabalada carreira se foram rua a fora, acompanhados por alguns companheiros que de a pé seguiam juntos o cortejo cívico; chegaram na escola já quase sem fogo, mas cumpriram a missão e acenderam o Candeeiro que os esperava no saguão do Colégio rodeado de alunos e professores.

 

- Como registrou Paixão Cortês nos seus escritos, “eles não sabiam da onde tinha saído tanta gente “pilchada” naquela noite, foi uma agradável surpresa e um início das festividades coroado de êxito.”

 

 As comemorações de acendimento da Chama encerraram pela uma da madrugada e a escola foi fechada, mas dois guardiões escalados permaneceram montando guarda para o Candeeiro, Ivo Sanguinette e Rubens Luiz Xavier, por ordem da Direção, eles poderiam ficar, mas a Escola ficaria fechada. E ai se deu mais um fato pitoresco; inexperientes não lembraram que o querosene iria terminar em algum momento e não tinham providenciado uma reserva... Quando na madrugada a chama  começou a enfraquecer, foi ai que se deram conta do problema, “...foi um deus nos acuda...”, como escreveu Sanguinette, buscaram papeis e trapos pelos corredores do Colégio para manter aceso o Candeeiro, até que o Rubens teve a ideia de pular as grades do Colégio e ir atrás de algum armazém da redondeza que tivesse querosene (seria um fiasco se quando abrissem a Escola o fogo estivesse apagado...), obviamente ele teve que acordar o “bodegueiro assustado” e tentar explicar a situação, mas conseguiu o combustível para manter acessa a primeira Chama Crioula. Esse fato só foi contado aos demais, bem depois...

 

- E assim seguiu a programação por todos os dias, nos recreios aconteciam horas de arte e manifestações sobre as comemorações além das rodas de chimarrão. Mas um dos pontos altos dos festejos foi a palestra do Escritor gaúcho, Manoelito de Ornellas, que falou sobre a cultura gaúcha, seus escritores e a literatura regional com grande aceitação dos assistentes. - - - Manoelito de Ornellas a partir daí teve uma atuação importante no inicio da organização do 35 CTG e do Movimento, inclusive presidindo o 1º Congresso Tradicionalista em 1954.

 

 

 

 

Finalmente chegava o dia 20, ponto alto das comemorações, o Baile Gaúchesco que encerraria a 1ª Ronda Gaúcha.

 

 O baile foi no Teresópolis Tênis Clube que se tornou uma mistura de salão de baile com galpão de estância, até um pelego de ovelha foi estaqueado num canto, já que a “dita” tinha sido carneada no pátio do clube para o churrasco durante o baile.

 

- Neste baile foi extinta a Chama que permaneceu acessa durante todos os dias e noites desde o dia 8 de setembro no saguão da escola encerrando as programações do que mais tarde seria chamado de “Semana Farroupilha.”

 

PS... aqueles jovens não sabiam  ao certo o que estava acontecendo, não tinham ideia que ali estava nascendo a Chama Crioula, que ali estava nascendo a Semana Farroupilha, que ali estava nascendo o Movimento Tradicionalista Gaúcho..., mas alguma coisa dizia que estavam no rumo certo, que estavam fazendo o que era para ser feito, se ia se repetir no próximo ano, ou se ia parar por ali,  isso não importava,  somente o que estavam fazendo naquele momento é que  tinha importância e graças a deus, fizeram e continuaram fazendo nos anos que vieram, nos mostrando o caminho que deveríamos seguir e que trilhamos até os dias de hoje...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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